Nalva Araújo
É somente a fase que encerra a vida reprodutiva da mulher - mas quanta mudança a menopausa traz!

Fisiologicamente, por volta dos 45 anos, os ovários vão perdendo a capacidade de fabricar os hormônios femininos que regulam o ciclo menstrual.
No primeiro momento, há diminuição dos níveis de progesterona (hormônio da gravidez que garante a regularidade menstrual); depois dá-se início à redução de estrogênio (responsável pelas características sexuais femininas).
Por volta dos 50 anos, encerra-se definitivamente a atividade ovariana e o sangramento.

Há quem compare a chegada da menopausa com a ebulição hormonal que marca a adolescência.
A diferença é que na mulher madura a escassez de hormônios pode provocar inúmeras reações, que muitas vezes precisam de tratamento médico.
"Nessa fase é preciso cuidar muito bem do corpo, da dieta, do sono, enfim, buscar mais qualidade de vida", alerta a ginecologista e sexóloga Ana Paula Junqueira Santiago, de São Paulo.

Viva Saúde levantou questões sobre o tema e utilizou como fontes para as respostas a experiência da ginecologista Ana Paula Santiago e o livro A Bíblia da Menopausa (CMS Editora), cujos consultores editoriais são os médicos Wladimir Taborda e Mariano Tamura Gomes, ambos do Hospital Albert Einstein (SP).

1. Qual a diferença entre climatério e menopausa?
O climatério corresponde ao período que antecede a menopausa e é caracterizado pelo conjunto de alterações físicas e psicológicas que acompanham a diminuição gradativa da produção hormonal, principalmente do estrogênio.
Ele tem início, em geral, após os 40 anos.
Já a menopausa, que começa por volta dos 50 anos, é a fase na qual ovulação e menstruação cessam totalmente.

2.O que a queda hormonal do período provoca no corpo?
Acontecem alterações a curto, médio e longo prazos.
A curto prazo: cerca de 80% das mulheres apresentam fogachos, sudoreses, insônia e labilidade de humor no período que vai de um a dois anos antes e um a dois anos depois da última menstruação espontânea.
A médio prazo: a pele torna-se seca e quebradiça; há redução da lubrificação vaginal - que pode acarretar dispareunia (dor durante o ato sexual); a bexiga fica vulnerável à urgência urinária e às infecções.
Esses sinais aparecem de três a cinco anos após a menopausa.
A longo prazo: passados mais de 10 anos, aumenta a incidência de doenças do coração, osteoporose e mal de Alzheimer.

3.Os sintomas são iguais para todas as mulheres?
Não. Algumas sofrem muito desconforto, outras passam praticamente ilesas (cerca de 25% do total de mulheres nessa fase).
Aproximadamente 75% manifesta sintomas, mas nem sempre eles são intensos: a proporção é de que para cada 100 mulheres que entram na menopausa 25 têm sintomas leves, 50 moderados e as 25 restantes passam por grandes desconfortos.

4.O que é e por que ocorre o fogacho?

Trata-se de um calor repentino que provoca rubor, transpiração e até palpitações por alguns segundos.

Ataca com freqüência durante o sono, o que provoca os suores noturnos, e chega a atrapalhar o descanso.
Daí a queixa comum de fadiga.
Não existe uma explicação científica comprovada sobre o porquê dele ocorrer.

Uma das hipóteses é que há uma tentativa frustrada do organismo de elevar os estoques de estrogênio.
Isso porque o hipotálamo, parte do cérebro encarregada de controlar o ciclo menstrual, ordena aumento na produção dos hormônios que estimulam a atividade ovariana.
Como ele também exerce o papel de regular a temperatura corporal, levaria a essas ondas de calor.
Acredita-se ainda que se desencadeiem por tensão emocional, excitação, medo e certos tipos de alimentos como os muito açucarados, salgados ou condimentados.

5.O que fazer para combater esse calor?
Para baixar a temperatura no momento do fogacho, algumas medidas práticas são: tomar um banho, colocar os pulsos sob água corrente fria, ingerir uma bebida refrescante ou borrifar água pelo rosto.

O mais recomendado, porém, é procurar um médico, que pode propor um tratamento adequado para aliviar não só os calores, mas também outros sintomas que possam surgir.

6.A menopausa interfere no ritmo das relações sexuais?
Depois da última menstruação, pode acontecer uma redução da libido, mais ligada às circunstâncias psicológicas do que propriamente à baixa de hormônio.
Como existe também diminuição da lubrificação da vagina, que pode causar dor durante o ato sexual, aliada com o medo de envelhecer, a vida sexual acaba afetada.
Hoje, porém, há recursos disponíveis que levam à melhora da elasticidade da vagina e géis específicos para aliviar os desconfortos.
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O conhecimento sobre a menopausa -entender o que se passa em seu corpo e o por quê - ajuda a enfrentar melhor essa fase cheia de oscilações.

Melhorar a qualidade de vida também é essencial.

7.Existe a possibilidade da mulher engravidar no climatério?

Sim. Normalmente a mulher é considerada estéril depois dos 48 anos, se ficar sem menstruar um ano consecutivo.
Porém, por precaução, os especialistas recomendam esperar outros 12 meses antes de suspender completamente o controle da natalidade.

8.Qual a relação entre menopausa e osteoporose?

A queda nos níveis de estrogênio que acompanha a menopausa acelera a perda de cálcio dos ossos, aumentando o risco de osteoporose.
É possível ajudar a diminuir esse risco por meio de uma alimentação rica em cálcio.

A dose diária recomendada para mulheres acima de 19 anos é de 1.000mg por dia; para as maiores de 50 anos, a taxa sobe para 1.200mg diárias - o que corresponde a três porções dos alimentos do grupo de laticínios.
Mas se você não gosta ou não pode consumir laticínios, inclua na dieta outras fontes de cálcio, como tofu, sardinha em lata e agrião.

9.É verdade que os riscos cardíacos aumentam nessa fase?

Sim. Isso porque, antes da menopausa, o estrogênio estimula o corpo a produzir lipoproteínas de alta densidade (HDL) ou o chamado colesterol bom, que protege o coração.
Quando os níveis de estrogênio começam a cair, essa proteção deixa de existir.

Mas o nível de colesterol elevado é apenas um dos vários fatores que favorecem o risco de doença cardíaca - tabagismo, sedentarismo e hipertensão contribuem para o agravamento do quadro.
10.Quais são os tratamentos indicados para aliviar os sintomas do período?

Eles podem variam desde mudança de hábitos alimentares (com uma dieta rica em cálcio, soja, grãos, sucos de frutas e alimentos pobres em gordura) e atividade física regular a até medicamentos hormonais clássicos ou fitoterápicos.
 
O procedimento deve ser individualizado e acompanhado pelo ginecologista.

Depois que a mulher pára de menstruar, qualquer sangramento que surgir após o sexo ou sem razão aparente deve ser investigado.

Pode ser falta de lubrificação ou até uma infecção.

11.Em que consiste a terapia de reposição hormonal?

Conhecida por TRH, seu objetivo é repor os hormônios femininos que os ovários deixaram de fabricar após a menopausa.
Existem algumas opções de tratamento e a escolha depende das condições apresentadas por cada paciente: se não apresenta sintomas; se tem ondas de calor; se não tem útero; se tem útero e não menstrua há menos de um ano; se tem útero e não menstrua há mais de um ano. Os dois tipos principais de terapia hormonal são: somente com estrogênio (chamada de TE) e com estrogênio combinado com progestágeno ou progesterona natural (conhecido como TEP).
Pode ser administrada sob a forma de pílulas, adesivos, gel cutâneo, cremes, implante sob a pele e spray nasal.

12.O tratamento só atua na redução dos sintomas?

Não. Além de aliviar efetivamente os sintomas do climatério, a terapia hormonal previne e trata a osteoporose.

Já seu papel na prevenção primária das doenças cardiovasculares continua uma questão em aberto.
Na verdade, haveria um período oportuno para se proteger o coração feminino, o que os médicos chamam de 'janela de oportunidade'. Ela ocuparia aproximadamente a faixa dos 50 aos 60 anos - fase em que as artérias coronarianas ainda não estão comprometidas. Ultrapassada essa etapa, o recurso não seria mais eficaz.

Ou seja, a terapêutica hormonal seria usada como uma coadjuvante na prevenção de doenças cardíacas. Mas só hormônio não basta: é importante manter hábitos saudáveis, incluindo dieta equilibrada e a prática regular de atividade física.

13.A TRH pode causar câncer?

Há evidências de que essa terapia aumenta o risco de câncer de mama, câncer de endométrio e câncer de ovário. Quanto mais alta a dose e mais prolongado o tratamento, maior o perigo. É necessário verificar seu grau de risco e avaliá-lo contra qualquer efeito colateral problemático.

14.Todas as mulheres podem fazer reposição?

Não. Ela não é recomendada para quem têm risco elevado de câncer de mama ou histórico da doença na família; que já tiveram câncer de endométrio ou lesões precursoras no útero; que apresentem grave comprometimento da função hepática (os hormônios são metabolizados no fígado); que possuem tendência à formação de coágulos nos vasos ou que já tiveram trombose ou embolia pulmonar e que manifestem sangramento uterino não diagnosticado.

15.É possível recorrer ao estrogênio natural derivado da soja?

Os fitohormônios, substâncias naturais com ação parecida a do estrogênio, podem fazer o papel do estrogênio.
E várias plantas estão sendo indicadas para mulheres que não podem ou não querem utilizar a terapia tradicional. A isoflavona, derivada da soja, pode exercer grandes benefícios ao corpo.
Fonte: Revista Saúde (Editora Símbolo) nº28

(Transição natural-voltarei ao assunto)














 
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